Ela tinha 3 anos quando foi diagnosticada com surdez neurossesorial bilateral leve,
com 20% de perda. Naquela idade, Maria Elisa Lopes Ferreira não falava e
não respondia aos chamados da família, mesmo quando feitos de frente – e
por isso a mãe decidiu levá-la ao médico otorrinolaringologista para ver o que acontecia com a filha.
A notícia da surdez, segundo Elisa, foi, claro, um
choque para os pais que se viram sem alternativas a não ser aceitar e
procurar pelos possíveis tratamentos disponíveis na época.
Vários exames e tratamentos depois, médicos sugeriram que ela passasse a utilizar aparelhos auditivos:
o que foi considerado um verdadeiro divisor de águas em seu
desenvolvimento infantil. Para alegria de todos os familiares e amigos,
tudo que ela escutava, repetia. “Como é maravilhoso poder ouvir!”,
sentia.
Desde os 6 anos até hoje, Elisa é avaliada pelo mesmo médico otorrinolaringologista e faz acompanhamento semanal com fonoaudióloga – o que lhe garantiu a oralização. Dos aparelhos analógicos, os quais sempre preferiu, passou aos aparelhos digitais.
Embora Elisa não consiga escutar ao telefone ou à TV, graças aos
avanços da tecnologia ela consegue se comunicar com pessoas em qualquer
lugar do mundo via SMS, whatsapp, chat do face, Wechat, Skype, e-mail,
chat online – e assistir a filmes e noticiários graças à Tecla Closed
Caption, que descreve as falas dos atores ou apresentadores e qualquer
outro som presente na cena. Além disso, aplicativos de celular lhe
permitem, por exemplo, chamar por um táxi ou fazer reservas em hotéis –
uma independência que inexistia antes dos smartphones. “São recursos que
aumentam nossa inserção social e ajudam a romper barreiras”, diz.
Hoje, aos 32 anos, Elisa, que utiliza aparelhos retroauriculares
(BTE), é formada em Tecnologia da Informação e pós-graduada em Gestão
de Pessoas, atua como assistente administrativo, criado com o objetivo de ajudar deficientes auditivos e pessoas que convivem com eles a compartilhar notícias, reportagens e informações sobre como lidar com a perda auditiva, além de dar dicas relacionadas à educação, saúde física e mental de pessoas com deficiências auditivas.
Mas, principalmente, é um espaço contra o preconceito. “Sempre há
pessoas preconceituosas em relação ao deficiente em geral. Passei por
isso nas escolas em que frequentei e enfrento desafios diários neste
sentido. Mas não me abato. Desempenho bem o trabalho que faço, com alta
qualidade de entrega e procuro sempre superar cada obstáculo que possa
surgir. Minha página incentiva pessoas como eu a seguirem em frente e a
vencer”, afirma.
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